O Ministério Público de Goiás (MP-GO), depois da Operação Arapuca, denunciou sete policiais civis e advogados por extorsão, dois advogados e uma pessoa que se passava por agente de polícia, envolvidos em crime de extorsão. O grupo cobrava para liberar suspeitos de crimes e atuava em três delegacias.
A quadrilha foi desmantelada quando a Operação Arapuca foi deflagrada no último dia 9 de agosto. Coordenada pelo Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP) e pelo Centro de Inteligência (CI-MP), com apoio do Gabinete de Segurança Institucional do MP (GSI-MP), e em parceria com a Polícia Civil, a investigação descobriu que Danilo César Approbato, o acusado que se passava por policial civil, responde criminalmente por 2 roubos com uso de arma de fogo.
Danilo ainda foi flagrado praticando 11 extorsões com restrição à liberdade da vítima, uso de arma de fogo, além do crime de falsidade ideológica.
Os policiais Luiz Carlos de Melo, Ironilson Martins da Rocha, Giovani Alves Gurgel, e a escrivã Márcia Rodrigues de Sousa, lotados no 4º DP, foram denunciados extorsões praticadas com restrição à liberdade da vítima, além do crime de falsidade ideológica.
Foram denunciados ainda, pelos mesmos crimes, os policiais Helber Natal Souza dos Santos e Livomar Messias da Costa, do 25º DP. A advogada Juliana Angélica de Lucena Ferraz foi denunciada por quatro extorsões com restrição à liberdade da vítima e concurso de pessoas. Por fim, o advogado Jorge Carneiro Correia é acusado da prática de três extorsões com restrição à liberdade da vítima.
Operação Arapuca: O esquema dos policiais civis e advogados por extorsão
Segundo apurado na investigação, o esquema funcionava com Danilo se passando como policial civil, em conjunto com os policiais civis denunciados, que se utilizavam das funções investigativas para localizar indivíduos envolvidos em situações ilícitas (como venda irregular de medicamentos e documentos falsos), com quem combinavam de se encontrar. No encontro, os acusados davam voz de prisão em flagrante, chegando, inclusive, a algemar algumas vítimas.
Em algumas situações, nestas abordagens, com as vítimas já subjugadas, alguns denunciados até subtraíam quantia em espécie dos ofendidos, além de agredi-las fisicamente.
Os acusados conduziam as vítimas para as proximidades da delegacia. No trajeto, lhes constrangiam a pagarem quantias em dinheiro, que variava de R$ 1 mil a R$ 30 mil, para que não fosse feito nenhum procedimento.
Na maioria dos casos, os policiais civis, já previamente associados aos advogados denunciados, entravam em contato e chamavam para encontros nas proximidades da unidade policial. Em seguida, os advogados constrangiam ainda mais as vítimas a pagarem os valores exigidos. Feito o pagamento, elas eram liberadas sem que nada fosse formalizado.
Em algumas situações, os denunciados utilizavam-se de mandados de intimações falsos e até forjavam termos de declarações sem nenhum procedimento policial instaurado, a fim de aumentar a coação das vítimas.
Apreensões na Operação Arapuca
Na deflagração da operação, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, um dos quais no 4ª Distrito Policial da capital. Entre os bens apreendidos, foram encontrados mandados de intimação e termos de declarações forjados, medicamentos sem nenhum auto de exibição e apreensão, arma de fogo ilegal. Na casa de Danilo, que se passava por policial civil, foram apreendidos objetos de uso exclusivo da Polícia Civil, como vestimenta e distintivo da corporação e algemas, além de uma arma de fogo de forma ilegal, bem como mais de R$ 11 mil.