“Tirei o saco da cabeça dela e saí correndo”. Evanoel Elias Brilhante, de 31 anos, não consegue esquecer do horror. Ele é marido de Nayara Xavier, de 17 anos, jovem esfaqueada por ciúme pela ex-mulher dele na segunda-feira (13/8) em Goituba, interior de Goiás. Inglide Rose Tavares de Moura, de 27 anos, esfaqueou a vítima depois de amarrá-la na cama.
Como de costume, Evanoel chegou em casa às 23h. Abriu a porta e não viu nada de estranho. Mas, quando chegou ao quarto, Nayara estava deitada, com braços e pernas amarrados com fita e um saco na cabeça.
“Tinha sangue, mesmo assim pensei que ela estava viva. Me apoiei na cama e tirei o saco. A boca estava com fita e ela tinha morrido”, conta ao Portal Dia Online. Evanoel, que conheceu Nayara em janeiro por intermédio da irmã dela, saiu correndo, gritando por socorro.
Pouco tempo depois, ele seria o principal suspeito do crime. “As pessoas começaram a falar que eu era frio, que eu tinha matado ela”. Evanoel teve de se desdobrar para provar que é inocente. “Fui em casa e encontrei um par de chinela diferente, que a policia descobriu que era da minha ex. E contei que estava na escola.”
Com voz abafada, Evanoel conta que não foi liberado pela empresa em que trabalha como eletricista para o enterro da moça que ele sonhou casar e ter filhos. “E ainda preciso ficar para prestar depoimentos para o delegado”, complementa.
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Sete meses de amor com Nayara
Nascida e criada na Paraíba, a jovem enxergou nele, natural do Rio Grande do Norte, a chance de mudar de vida. “Desde janeiro a gente conversava, ela queria estudar. Eu ofereci um celular de presente para ela, mas ela preferiu o curso de inglês. Ela tinha um coração muito bom.”
Duas coisas perturbam o rapaz: a morte de Nayara e a relação com a filha de sete anos que teve com a assassina confessa da atual esposa. “Ainda não consegui ligar para ela, não sei o que dizer”, diz, antes de revelar que a ex-mulher o perseguia. “Ela não demostrava ciúmes, mas era estranho. Toda vez que eu mudava de cidade ela ia atrás, mesmo não conhecendo ninguém. Ela não aceitava o fim do nosso relacionamento”, revela.
Quando conversou com a reportagem, Evanoel ainda lembrou da simplicidade de Nayara. “Tudo que dava para ela estava bom. Tudo. Não reclamava de nada.”
Assassina deixou chinela na casa
![Jovem esfaqueada por ciúme](https://diaonline.ig.com.br/wp-content/uploads/2018/08/pensei-que-ela-estava-viva-diz-marido-que-encontrou-jovem-esfaqueada-por-ciume-375x227.jpg)
“Ela achou que ninguém iria descobrir. Inicialmente ela negou, mas encontramos outros indícios, como as lesões que podem ter sido provocados pela vítima”, complementa o delegado responsável pelas investigações, Parick Carniel.
Nayara morava com o pais e os cinco irmãos em uma cidadezinha pobre da Paraíba. Sem perspectiva, queria mudar de vida. Foi aí que conheceu o marido pelo Facebook. “Eu já morava aqui e ela estava apaixonada por ele, que chamou minha irmã para vir morar com ele”, lembra para a reportagem a irmã, Renata Xavier.
Como Nayara tinha sonhos, correu para uma escola integral da cidade e se matriculou no segundo ano do Ensino Médio e alcançar o sonho que a acompanhava desde criança: ela queria estudar Direito. “E ela ainda fazia curso de inglês pago pelo marido. Ela estava feliz”, conta.
“Estou preparando as coisas para o enterro da minha irmã e preparando os meus móveis. Não quero nunca mais voltar para Goiás”, diz, pelo telefone.
Jovem esfaqueada por ciúme era franzina
Nayara tinha um corpo franzino em menos de 1 metro e sessenta de altura. Indefesa, não conseguiu escapar da morte. “Minha irmã não fazia mal a ninguém”, lembra Renata, antes suspirar: “Não sei como vou voltar para minha terra sem ela. Como vou devolver minha irmã morta para os meus pais?”
A irmã lembra do último dia que viu a irmã com vida. “No domingo, Dia dos Pais. A gente falava do nosso pai, mas ela estava muito feliz”. E reconstitui o horror da ligação do cunhado: “Ele me ligou no dia do crime, chorando muito, falando que tinha acontecido uma tragédia. Quando eu cheguei lá, tinha polícia. Perguntei onde minha irmã estava. E ninguém me respondia.”
Inglide foi presa preventivamente (que pode durar 30 dias) e encaminhada para a Unidade Prisional de Goiatuba.