Foi publicado no Diário Oficial do Estado de Goiás desta segunda-feira (13/8) uma portaria em que afasta Luzia Dora Juliano Silva da Diretora-Geral do Grupo Executivo de Apoio a Criança e Adolescente (Gecria), responsável pelo socioeducativo goiano.
Luzia foi denunciada em ação civil pública promovida pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). O afastamento foi determinado pelo juiz Wilson Safatle Faiad em 7 de agosto após denúncias de assédio moral e abuso de autoridade.
É a primeira vez que o Estado obedece uma determinação de afastamento dele. Em 2016, a a juíza Zilmene Gomide da Silva Manzolli, em decisão liminar, determinou que o Estado de Goiás afastasse, pelo menos provisoriamente, da função de diretora Gecria.
A decisão tem a mesma finalidade, a partir da ação civil pública de proteção ao meio ambiente de trabalho, proposta pelo promotor Vilanir de Alencar Camapum Júnior. A denúncia apontou a prática de assédio moral organizacional no sistema socioeducativo estadual.
À época, o Estado chegou a se manifestar pedindo o indeferimento da medida liminar, alegando não haver a presença dos requisitos para a concessão. Na liminar da juiza Zilmene, foi considerada a desproteção da saúde física e mental dos servidores, “que vinha sofrendo perseguições, transferências indevidas e deixando de se afastar por medo de perderem as gratificações.”
O afastamento foi determinado pelo juiz Wilson Safatle Faiad em 7 de agosto após denúncias de assédio moral e abuso de autoridade.
Em uma reportagem especial sobre a história dos dez adolescentes que morreram queimados no incêndio no Centro de Internação Provisória (CIP), no dia 25 de maio deste ano, o Portal Dia Online ouviu diversas denúncias contra Luzia Dora.
Conforme disse para a reportagem logo depois do incêndio a conselheira tutelar e assistente social Kátia Regina, a atual diretora do Gecria, Luzia Dora, prejudica a busca por soluções dos problemas do sistema socioeducativo goiano. “Ela é fechada, não dialoga, não aparece, não responde aos questionamentos que chegam a ela”, apontou.
O conselheiro tutelar Willian Carlos também reclamou da diretora afastada. Ele denunciou que antes de o incêndio matar os dez adolescentes, conselheiros tutelares não tinham permissão para entrar no CIP. “Por uma determinação da Luzia Dora a gente não podia fiscalizar, mesmo que estivesse previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. Tivemos que entrar com liminar, mas quando conseguimos, já era tarde”, lamentou à época.
A portaria que afasta a ex-diretora, contudo, omite seu nome. Se limita a dizer que, “por força da supracitada ordem judicial haverá o afastamento temporário da Diretora”. Quem assume o lugar de Luzia Dora pe Priscilla Kelly de Sousa Machado Piretti, que ocupava o cargo de secretária executiva.
Procurada por telefone e por e-mail, a assessoria da Secretaria Cidadã não respondeu aos questionamento da reportagem.