Era uma quarta-feira, 5 de julho de 2012. Depois de esperar Valério Luiz apresentar um programa na Rádio 820 (hoje Bandeirantes) um assassino em uma Honda CG preta descarregou o revólver calibre 357 no corpo do radialista, que ficou no carro.
Seis disparos calaram o cronista apaixonado por esportes, que não tinha medo de apontar erros e conveniências de clubes, sobretudo o Atlético Goianiense.
De acordo com a apuração da Polícia Civil, estão envolvidos no homicídio o cabo da PM goiana Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, 45 anos, conhecido por Figuerêdo, o sargento Djalma Gomes da Silva, conhecido por Da Silva, o açougueiro Marcus Vinicius Pereira Xavier, 34, conhecido por Marquinhos, Urbano de Carvalho Malta, 39 e, apontado como mandante, o atual presidente do Atlético Goianiense, Maurício Borges Sampaio, 60.
Seis julhos se passaram e nenhum dos cinco acusados pelo crime foram condenados. Mas todos os recursos da defesa se esgotaram e o julgamento não deve passar deste ano.
Depois de idas e vindas de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) para cancelar decisões de mandar os acusados a Júri Popular, falta apenas o exame de sanidade mental do Djalma Gomes da Silva, em 1º de outubro, a pedido da defesa. Ele vai passar pela Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO).
Reação ao crime
O caso repercutiu tanto na imprensa nacional quanto internacional. É que matar jornalista fere convenções internacionais. Quando Geneton Moraes Neto, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros morreu em 2016 – não de morte matada, mas de aneurisma da aorta -, o cantor e compositor Caetano Veloso cunhou uma frase que deve ser estendida a qualquer morte de comunicador: “quando um jornalista de verdade morre, a verdade fica mais triste”.
Matar jornalista é, sem dúvidas, a mais covarde forma de silenciar a verdade. Seis anos atrás, aqui pertinho de nós, em Goiânia, a verdade foi assassinada a tiros. Não poderia ter sido mais flagrante o intuito dos assassinos do radialista em frente à Rádio 820 de onde opinava e denunciava os desmandos do poder no futebol goianiense.
O escritor e jornalista inglês George Orwell, entendia do ofício: Ele escreveu: “Jornalismo é publicar [falar] aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade.” Seis anos atrás, essa máxima matou Valério. Desmoronou a família dele e amedrontou os jornalistas que, não raro, temem se expressar e ter o mesmo fim.