Sebastião Peixoto, presidente do Instituto Municipal de Assistência Social (Imas), determinou a devolução de valores descontados na Folha de Pagamento da servidora Raquel Rodrigues Mendes, de 44 anos, de dois partos cesáreos que nem ela, nem a filha que era dependente, fizeram.
Conforme documentos obtidos pela reportagem, o parto do neto da servidora foi feito no Hospital Garavelo, em Aparecida de Goiânia, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A gente fez apenas o pré-natal”, contou Raquel.
Quando pediu para desvincular a filha da condição de dependente, todos os custos anteriores a 12 meses começaram a ser descontados, como prevê o estatuto do Imas. Mas a cobrança de duas cesareanas, que teriam sido realizadas no mesmo dia, surpreendeu a servidora.
Ela procurou o Imas. “O Sebastião disse que eu teria de provar que meu neto nasceu mesmo pelo SUS. Mostrei a Certidão de Nascimento, mas nada. Até dei entrevista para um programa de televisão e, quando o repórter procurou o Sebastião, foi convencido de que estava tudo certo”, relata.
O próprio Sebastião assumiu que convenceu outros veículos a não publicarem a história da servidora. Basta assistir aqui.
Durante mais de duas semanas a reportagem solicitou documentos ao Imas que comprovassem a cobrança de R$77 que vinha sendo feita desde novembro do ano passado. Sebastião Peixoto, resistente, não conseguiu comprovar, mesmo dizendo que a servidora assinou documentos para o parto.

Depois de publicada reportagem na última terça-feira (5/5), o Gerente de Finanças e Contabilidade do Imas, Paulo Roberto Carrion Sousa enviou ao Portal Dia Online o despacho 0142/2018, assinado ainda em 1° de junho. O documento determina a devolução de R$1.114,13.
A data coincide com a divulgação de denuncias relacionadas a fraudes envolvendo o ex-diretor do Imas, Carlos Henrique Duarte e o contrato minimamente suspeito com a Urgembras. Reportagem adiantou que a empresa era de fachada.
O advogado da servidora, Erick Araújo Miranda, contou que a sua cliente sofre com transtorno de bipolaridade. “Como não consegue resolvia o problema dos descontos, ela tentou suicídio em maio”, relata. Conforme o advogado, o Imas deve devolver em dobro, inclusive por danos morais pelos transtornos.
“Vamos entrar com uma ação para pedir o ressarcimento em dobro pelos prejuízos causados”, informou à reportagem.
Veja vídeo da servidora: